Entre os nove pontos disputados, apenas dois conquistados. Mais preocupante do que mera matemática é constatar que o Grêmio está piorando a cada rodada do Campeonato Brasileiro. Ver os torcedores deixarem o Estádio Alfredo Jaconi aos 40 minutos do segundo tempo foi a comprovação do tão ruim foi o futebol demonstrado pela equipe do técnico Enderson Moreira. Desorganização e apatia deixam o clube sem perspectiva nenhuma de brigar pelo título e talvez nem merecer figurar entre os quatro primeiros colocados na competição antes da Copa do Mundo.
Verdade seja dita, Grêmio teve sorte na partida contra o Palmeiras, pois o nosso adversário deste domingo (01/06) também se mostrou limitado e é time para zona intermediária da competição. Entretanto, com o atual desempenho, o mesmo destino assombra o Tricolor. Afinal, se estivéssemos diante de uma equipe mais qualificada, seria praticamente certo que ganharíamos uma derrota em Caxias do Sul.
Enderson sem dúvida é responsável pela apatia e desorganização tática demonstrada pela equipe nas últimas rodadas. Impressionante como não conseguimos ver essa equipe trocar passes de forma objetiva (como o Cruzeiro costuma fazer e tamanho entrosamento o deixa na liderança do Brasileirão), não observamos jogadas ensaiadas e ainda por cima somos obrigados a ver uma insistência injustificável com um esquema de apenas um meio-campista.
Alan Ruiz arriscou bons chutes ao goleiro Fábio, mas na criação, não conseguiu fazer nada isolado. Rodriguinho e Dudu são jogadores de velocidade, mas não podem ficar buscando a bola no meio-campo, essa não é a características deles. E o Barcos, que na teoria deveria ficar centralizado para receber o passe em condições de fazer o gol – e quando recebe, costuma errar – , sai para tentar criar a jogada. Para piorar, Ramiro segue em má fase, Edinho não teve uma tarde feliz e a zaga ficou exposta nessas condições. Pelo lado do Pará, uma avenida para o Palmeiras rumo à meta defendida por Grohe.
Tivemos sorte em não sair com a derrota contra o limitado Palmeiras, essa é a verdade. Nessas condições, o Grêmio completa mais um ano com a amargura de não festejar um título. Nem Copa do Brasil esse time dá esperança ao torcedor gremista.
Mais grave que a falta de empenho tático dessa equipe é a apatia e o descompromisso de alguns jogadores. Barcos não pode reclamar das sonoras vaias da torcida, pois além de perder gols que um camisa 9 com aproximadamente R$ 500 mil de salário não pode perder, vem demonstrando uma antipatia que apenas agrava a situação, como dizer publicamente que não deve satisfação aos torcedores. Daí podemos tirar que a sua empáfia contagia o ambiente desses jogadores. E mesmo se tivéssemos um meio-campo mais qualificado, o atacante seguiria errando gols com esse comportamento.
Zé Roberto sempre foi um profissional exemplar, mas nunca foi digno de um camisa 10. E na iminência dos 40 anos, não é mais confiável para mudar o panorama de uma partida. Aliás, não costumava ser antes. Tampouco me iludo com Kleber, mesmo tendo parte dos salários não depositados, segundo o empresário Giuseppe Gioguardi. Não esqueçamos que o atacante já vinha muito mal antes de lesionar. Portanto, sigo desejando vir um clube para levá-lo, embora tenha poucas esperanças pelo salário absurdo que ganha em Porto Alegre.
Por essa razão, custo a creditar a Enderson a total responsabilidade pela má fase dessa equipe, embora tenha sim sua parcela de culpa. O diretor-executivo de futebol, Rui Costa, e o assessor Marcos Chitolina não passam a sensação que estão combatendo essa apatia do time e sentimos falta de um dirigente forte ao lado do técnico para colocar ordem na casa. Se Enderson cair, por acaso, então que caiam os dois também, pois o fracasso deve ser compartilhado.
Sobre mudança de técnico, sigo avaliando o mercado. Enderson tem problemas graves, mas não é o único culpado. Enquanto o time seguir com Pará na lateral-direita, não ter opção para mandar o senhor Barcos no banco para colocar a sandália da humildade e não ter uma presença mais ativa dos nossos dirigentes para fazer esse grupo se tocar que está vestindo a camisa de um Campeão do Mundo e não time de casados e solteiros, não haverá técnico que nos salve. Aliás, exceto Tite, o resto é mera aposta no mercado. E de apostas, estou de saco cheio após 13 anos de fracassos.
Por essa razão, fico relutante com a demissão de Enderson, avalio que antes dele, Rui Costa e Chitolina devam pedir para sair. Afinal, enquanto não tivemos uma filosofia de futebol, que deveria ser aplicada por um Departamento de Futebol, a qual demonstre a responsabilidade de jogar no Grêmio, seguiremos com jogadores sem identificação com o clube.
Ou vocês acham que o D’Alessandro chegou ao Internacional como colorado? Errado, meus caros, lá foi inserido nele o que é jogar no nosso rival e daí parte o laço entre atleta e torcida. Justamente esse ponto que o Grêmio vem fracassando nos últimos 13 anos. E surpreendentemente, até mesmo um presidente multicampeão como Fábio Koff falha miseravelmente nessa missão, demonstrando cansaço e sem condições de seguir por mais dois anos no comando do clube.
Enfim, está duro achar uma solução para esse time e o buraco é muito mais embaixo do que meramente trocar de técnico. Enderson não se ajuda na permanência da casamata, mas só mudar o comando da casamata não salvará o Grêmio enquanto a filosofia do fracasso persistir na Arena e no Olímpico.