Sem demonstrar força para brigar por título, Grêmio segue piorando

Futebol de dar vergonha, Grêmio não corresponde ao Jaconi lotado e empata em 0x0 contra o Palmeiras. Foto: Lucas Uebel/Grêmio FPBA

Futebol de dar vergonha, Grêmio não corresponde ao Jaconi lotado e empata em 0x0 contra o Palmeiras. Foto: Lucas Uebel/Grêmio FPBA

Entre os nove pontos disputados, apenas dois conquistados. Mais preocupante do que mera matemática é constatar que o Grêmio está piorando a cada rodada do Campeonato Brasileiro. Ver os torcedores deixarem o Estádio Alfredo Jaconi aos 40 minutos do segundo tempo foi a comprovação do tão ruim foi o futebol demonstrado pela equipe do técnico Enderson Moreira. Desorganização e apatia deixam o clube sem perspectiva nenhuma de brigar pelo título e talvez nem merecer figurar entre os quatro primeiros colocados na competição antes da Copa do Mundo.

Verdade seja dita, Grêmio teve sorte na partida contra o Palmeiras, pois o nosso adversário deste domingo (01/06) também se mostrou limitado e é time para zona intermediária da competição. Entretanto, com o atual desempenho, o mesmo destino assombra o Tricolor. Afinal, se estivéssemos diante de uma equipe mais qualificada, seria praticamente certo que ganharíamos uma derrota em Caxias do Sul.

Enderson sem dúvida é responsável pela apatia e desorganização tática demonstrada pela equipe nas últimas rodadas. Impressionante como não conseguimos ver essa equipe trocar passes de forma objetiva (como o Cruzeiro costuma fazer e tamanho entrosamento o deixa na liderança do Brasileirão), não observamos jogadas ensaiadas e ainda por cima somos obrigados a ver uma insistência injustificável com um esquema de apenas um meio-campista.

Alan Ruiz arriscou bons chutes ao goleiro Fábio, mas na criação, não conseguiu fazer nada isolado. Rodriguinho e Dudu são jogadores de velocidade, mas não podem ficar buscando a bola no meio-campo, essa não é a características deles. E o Barcos, que na teoria deveria ficar centralizado para receber o passe em condições de fazer o gol – e quando recebe, costuma errar – , sai para tentar criar a jogada. Para piorar, Ramiro segue em má fase, Edinho não teve uma tarde feliz e a zaga ficou exposta nessas condições. Pelo lado do Pará, uma avenida para o Palmeiras rumo à meta defendida por Grohe.

Tivemos sorte em não sair com a derrota contra o limitado Palmeiras, essa é a verdade. Nessas condições, o Grêmio completa mais um ano com a amargura de não festejar um título. Nem Copa do Brasil esse time dá esperança ao torcedor gremista.

Enderson vem errando demais, mas filosofia covarde desempenhada pela gestão Koff é outro entrave para o clube recuperar sua grandeza. Foto: Lucas Uebel/Grêmio FPBA

Enderson vem errando demais, mas filosofia covarde desempenhada pela gestão Koff é outro entrave para o clube recuperar sua grandeza. Foto: Lucas Uebel/Grêmio FPBA

Mais grave que a falta de empenho tático dessa equipe é a apatia e o descompromisso de alguns jogadores. Barcos não pode reclamar das sonoras vaias da torcida, pois além de perder gols que um camisa 9 com aproximadamente R$ 500 mil de salário não pode perder, vem demonstrando uma antipatia que apenas agrava a situação, como dizer publicamente que não deve satisfação aos torcedores. Daí podemos tirar que a sua empáfia contagia o ambiente desses jogadores. E mesmo se tivéssemos um meio-campo mais qualificado, o atacante seguiria errando gols com esse comportamento.

Zé Roberto sempre foi um profissional exemplar, mas nunca foi digno de um camisa 10. E na iminência dos 40 anos, não é mais confiável para mudar o panorama de uma partida. Aliás, não costumava ser antes. Tampouco me iludo com Kleber, mesmo tendo parte dos salários não depositados, segundo o empresário Giuseppe Gioguardi. Não esqueçamos que o atacante já vinha muito mal antes de lesionar. Portanto, sigo desejando vir um clube para levá-lo, embora tenha poucas esperanças pelo salário absurdo que ganha em Porto Alegre.

Por essa razão, custo a creditar a Enderson a total responsabilidade pela má fase dessa equipe, embora tenha sim sua parcela de culpa. O diretor-executivo de futebol, Rui Costa, e o assessor Marcos Chitolina não passam a sensação que estão combatendo essa apatia do time e sentimos falta de um dirigente forte ao lado do técnico para colocar ordem na casa. Se Enderson cair, por acaso, então que caiam os dois também, pois o fracasso deve ser compartilhado.

Grêmio não dá esperança de lutar por título brasileiro e o atual futebol não nos permite sequer sonhar com Copa do Brasil. Muito trabalho será necessário durante a Copa do Mundo. Foto: Lucas Uebel/Grêmio FPBA

Grêmio não dá esperança de lutar por título brasileiro e o atual futebol não nos permite sequer sonhar com Copa do Brasil. Muito trabalho será necessário durante a Copa do Mundo. Foto: Lucas Uebel/Grêmio FPBA

Sobre mudança de técnico, sigo avaliando o mercado. Enderson tem problemas graves, mas não é o único culpado. Enquanto o time seguir com Pará na lateral-direita, não ter opção para mandar o senhor Barcos no banco para colocar a sandália da humildade e não ter uma presença mais ativa dos nossos dirigentes para fazer esse grupo se tocar que está vestindo a camisa de um Campeão do Mundo e não time de casados e solteiros, não haverá técnico que nos salve. Aliás, exceto Tite, o resto é mera aposta no mercado. E de apostas, estou de saco cheio após 13 anos de fracassos.

Por essa razão, fico relutante com a demissão de Enderson, avalio que antes dele, Rui Costa e Chitolina devam pedir para sair. Afinal, enquanto não tivemos uma filosofia de futebol, que deveria ser aplicada por um Departamento de Futebol, a qual demonstre a responsabilidade de jogar no Grêmio, seguiremos com jogadores sem identificação com o clube.

Ou vocês acham que o D’Alessandro chegou ao Internacional como colorado? Errado, meus caros, lá foi inserido nele o que é jogar no nosso rival e daí parte o laço entre atleta e torcida. Justamente esse ponto que o Grêmio vem fracassando nos últimos 13 anos. E surpreendentemente, até mesmo um presidente multicampeão como Fábio Koff falha miseravelmente nessa missão, demonstrando cansaço e sem condições de seguir por mais dois anos no comando do clube.

Enfim, está duro achar uma solução para esse time e o buraco é muito mais embaixo do que meramente trocar de técnico. Enderson não se ajuda na permanência da casamata, mas só mudar o comando da casamata não salvará o Grêmio enquanto a filosofia do fracasso persistir na Arena e no Olímpico.

Quatro candidatos disputam para presidência gremista

O advogado Homero Bellini Junior, à direita, será o candidato à presidência do Grêmio pelo Movimento Grêmio Independente; Eldir Antonini também pleiteará o posto pelo Movimento Grêmio do Prata – Foto: Divulgação

Após o ex-presidente Fábio Koff e o atual mandatário do Grêmio, Paulo Odone, confirmarem as respectivas candidaturas para o primeiro turno da eleição presidencial no Conselho Deliberativo, a ser realizada em 25 de setembro, mais duas chapas lançaram os seus postulantes. O Movimento Grêmio Independente, antes pertencente à situação e recentemente cogitado como aliado pela oposição, decidiu nadar por raias próprias ao ratificar Homero Bellini Junior para disputa. Já o Movimento Grêmio do Prata também optou por seguir sua empreitada com Eldir Antonini.

A eleição no Grêmio é formada por duas etapas, sendo que a primeira delas passa pelo crivo do Conselho Deliberativo, constituído por 300 conselheiros e mais o Conselho Consultivo, o qual reúne ex-presidentes do clube e ex-presidentes e vices da Casa Deliberativa, totalizando em 315 eleitores. Para se credenciar no processo eleitoral perante os sócios, pleito marcado para 20 de outubro, as chapas precisarão superar os 20% da Cláusula de Barreira, ou seja, terem, ao menos, 60 votos dos conselheiros.

Diante dessa situação, somente Odone aparece em situação tranquila e deve vencer com folga o primeiro turno da corrida eleitoral, pois tem ampla maioria no parlamento gremista. O atual presidente deve contar com 126 votos das legendas governistas (Grêmio Novo, Grêmio Democrático, Grêmio Sem Fronteiras, Grêmio Menino Deus e Grêmio da Torcida) e mais 40 de conselheiros sem movimento, mas que estão no Conselho Deliberativo por meio de sua indicação. Por essa razão, espera-se que a chapa situacionista tenha aproximadamente 166 sufrágios.

Enquanto isso, Koff teria 58 votos confirmados, ao mesmo tempo em que Bellini  se dispõe dos 56 do Grêmio Independente. Pelo lado do ex-presidente gremista, seus articuladores buscam apoio de outros conselheiros dos grupos situacionistas, que poderiam contrariar a determinação partidária de apoiar Odone, por  estarem insatisfeitos com a atual gestão. Para chegar ao segundo turno, o candidato do Grêmio Independente terá de percorrer caminho semelhante. Apesar disso, a tendência é que os dois consigam o apoio necessário para superarem a Cláusula de Barreira. Todavia, o Grêmio do Prata não tem participação no Conselho Deliberativo e, por essa razão, Antonini dificilmente se credenciará para votação dos sócios.

Escolha por caminhos próprios

Ao lançar o empresário Eldir Antonini, o Grêmio do Prata ressaltou as divergências com grupo de Koff por seguir caminho próprio – Foto: Grêmio do Prata

Cogitados para apoiarem Fábio Koff, os movimentos Grêmio Independente e Grêmio do Prata apontam as divergências em relação aos rumos das outras duas candidaturas como forma entrarem na eleição com postulantes próprios. Em nota, o grupo mais numeroso do Conselho Deliberativo justificou que “antigas disputas e rivalidades internas sempre se interpuseram no caminho da necessária pacificação do clube”, sob a forma de ratificar Homero Bellini Junior para o pleito. Também por meio das redes sociais, o Grêmio do Prata alegou a necessidade de renovação na política interna no Olímpico, além de discordar da formação da chapa de oposição ao lançar Eldir Antonini.

Koff é o primeiro a fazer campanha

Sem perder tempo, Fábio Koff lançou o seu site de campanha (www.koffpresidente.com.br), com vídeo no qual faz a apresentação de sua candidatura aos conselheiros. “Eu ofereço a minha experiencia, meu passado de conquistas e a minha disposição para ser presidente. Mais que um nome ou um grupo, o Grêmio precisa de um projeto ousado, inovador e factível, com menos intuição e mais profissionalismo”, disse o ex-presidente.

Na gravação, Koff ainda fala em choque de gestão e descarta rivalidade com outras chapas, afirmando que o desejo é “desarmar espíritos” por uma “gestão compartilhada”. Na sua página da internet, o mesmo deixou disponibilizado o seu plano de governo. “Quero faixa no peito e troféu na prateleira. Quero muita alegria no nosso rosto de torcedor. Quero reforçar o orgulho gremista através de uma nova safra de títulos. Quero refazer o caminho do Grêmio campeão do mundo, recolocá-lo na ponta do ranking da Fifa e valorizar nossa marca aqui e no exterior”, projetou.

Entenda mais

Veja também os demais posts do Tribuna Gremista sobre as eleições:

Odone x Koff: previsão de clima turbulento

Koff e Odone definem candidaturas para presidência do Grêmio

Odone x Koff: previsão de clima turbulento

Expectativa é de uma disputa eleitoral tensa entre Paulo Odone e Fábio Koff – Montagem: Lucas Uebel / Grêmio – Mauro Vieira / Agência RBS

Após os anúncios das candidaturas de Fábio Koff e Paulo Odone para presidência do Grêmio no biênio 2013-2014, cada vez mais fica claro que teremos um clima pesado para a iminente disputa, cuja primeira etapa se passará no Conselho Deliberativo, no dia 25 de setembro. Caso os dois grupos tenham, no mínimo, 20% dos sufrágios dos conselheiros, o trabalho a seguir será com os associados em 20 de outubro. O rompimento do Olímpico de Odone com o Clube dos 13 de Koff pela negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2012 a 2014 com a Rede Globo ainda apresentará resquícios nesse processo.

Os dois lados seguem trocando farpas desde que se deflagrou o cenário eleitoral. Pelo lado de Odone, não me surpreenderei se o atual presidente atacar Koff sob as alegações de o mesmo ter “abandonado o Grêmio”, enquanto ajudava o Internacional de Fernando Carvalho; classificará o projeto do rival como “campanha do ódio”; e dirá que ele ora fala em manter Luxemburgo e ora cita Felipão; além de garantir que a parceria entre clube e OAS em torno da Arena ficará mais segura com Eduardo Antonini na presidência da Grêmio Empreendimentos.

Por outro lado, Koff refutará as acusações da situação, dizendo que jamais deixou de colaborar com o Grêmio; citará a história de Adalberto Preis em todo processo envolvendo a Arena. Sobretudo, poderá alegar que Odone não conseguiu tirar o Tricolor de mais de uma década sem uma grande conquista, além de esbanjar seu currículo como presidente gremista: Mundial Interclubes, duas Libertadores, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana e outros.

Apesar disso, não creio que a turbulência eleitoral dos bastidores políticos do Olímpico influenciará no rendimento do time em campo neste Campeonato Brasileiro. Jogador de futebol, no Brasil, sequer se preocupa com as eleições em nossas cidades, estados e país, salvo algumas exceções. Imagine, então, em um clube de futebol. Os atletas querem apenas receber seus salários ao fim do mês. Todavia, a preocupação é se as baixarias entre as chapas colocarem as propostas em segundo plano. Haverá a torcida para que isso não ocorra, embora tenha de concordar, desta vez, com o jornalista do Correio do Povo, Hiltor Mombach: “Há mais incendiários do que bombeiros nesse pleito”. Hoje, a impressão é exatamente essa.

Koff e Odone definem candidaturas para presidência do Grêmio

Após recusa de Raul Régis (sentado à direita) para ser o candidato de consenso para eleição presidencial, Paulo Odone e Fábio Koff anunciam que disputarão os votos de conselheiros e sócios para o mandato 2013-2014 – Foto: Valdir Friolin / Agência RBS

Depois de meses de especulação, o ex-presidente Fábio Koff oficializou a sua candidatura majoritária no Grêmio, nesta terça-feira (04). Logo em seguida, o atual ocupante do cargo, Paulo Odone, deu a resposta e também anunciou que disputará o pleito em busca de sua reeleição. Essa corrida eleitoral ocorrerá após a chapa situacionista buscar no presidente do Conselho Deliberativo, Raul Régis, o nome de consenso para essa eleição, cuja primeira etapa ocorrerá em 25 de setembro no Casa Deliberativa. Caso os postulantes atinjam os 20% dos votos de conselheiros previstos na estatuto do clube, a definição passará a ficar nas mãos dos sócios em 20 de outubro.

Única pessoa capaz de unir situação e oposição, Régis novamente recusou o convite de disputar a presidência do clube, alegando razões familiares. Sem a união em torno do chefe do Conselho Deliberativo, Koff anunciou à imprensa gaúcha a sua pretensão de ser o próximo presidente gremista no biênio 2013-2014. Por sua vez, Odone afirmou que buscará reeleição horas depois. Nas últimas semanas, os dois postulantes trocaram farpas, ainda sob os resquícios de uma relação desgastada em março de 2011, quando o Grêmio fechou com a Rede Globo pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, preterindo o Clube dos 13, então presidido por Koff.

A decisão do Grêmio, presidido por Odone, negociar os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2012 a 2014, sem a participação do Clube dos 13 de Koff deve esquentar novamente os bastidores políticos no Olímpico – Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Nas eleições presidenciais de 2008, os candidatos tiveram o primeiro duelo na última década, quando Odone, presidente naquele momento, apoiou o postulante Antônio Vicente Martins, em detrimento de Duda Kroeff sob a benção de Koff. O último se elegeu, mas seu mandato foi marcado por insucessos dentro de campo, principalmente pela gestão do diretor de futebol, Luiz Onofre Meira, o qual concentrava grande rejeição da torcida. Por essa razão, Odone voltou sem dificuldades em 2010, ao vencer Airton Ruschel em primeiro turno no Conselho Deliberativo, quando a Cláusula de Barreira ainda era de 30%.

Todavia, a relação entre os dois piorou definitivamente com a polêmica negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2012 a 2014. Por um lado, o Clube dos 13, comandado por Koff, queria abrir processo licitatório entre outras emissoras de televisão, enquanto a Rede Globo, apoiada pela CBF, decidiu negociar de forma unilateral com as instituições. O Grêmio, sob mandato de Odone, escolheu a segunda opção, ao mesmo tempo em que estreitou relações com então presidente da entidade máxima do futebol brasileiro, Ricardo Teixeira. Desde então, as duas figuras da política gremista não chegaram a um consenso. Há uma semana, Odone falou em “campanha do ódio” na montagem da chapa adversária. Indagado sobre o atrito, Koff refutou ressentimentos com seu concorrente, mas afirmou que o mesmo foi usado pela CBF.

Campeão do Mundo e duas vezes Campeão da América, o currículo de Fábio Koff será a maior plataforma política para o embate contra Paulo Odone – Foto: Divulgação

A eleição marcada para setembro não deve atrapalhar o rendimento do Grêmio no Campeonato Brasileiro, uma vez que o jogador de futebol, em raras exceções, não costuma se envolver com a política interna do clube. Há quem diga que a perda do título brasileiro em 2008 ocorreu por causa do pleito presidencial, mas discordo de tal tese, pois a equipe comandada por Celso Roth era limitada tecnicamente, teve uma considerável queda de rendimento no ataque no segundo turno da competição e não se achou mais na lateral-esquerda desde a queda de rendimento de Anderson Pico. Sobretudo, acredito que a inauguração da Arena para dezembro possa atrapalhar mais o foco da equipe de Luxemburgo na reta final da competição nacional e Copa Sul-Americana se comparado aos bastidores políticos do Olímpico.

Conforme opinado antes aqui no Tribuna Gremista, Koff terá em seu currículo a grande arma para angariar votos, tanto no Conselho Deliberativo como com os sócios: a biografia vitoriosa no Grêmio. Em sua trajetória no Olímpico, ele coleciona Mundial Interclubes, duas Libertadores, Brasileirão, Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana, entre outras troféus. A comunicação do ex-chefe do Conselho Administrativo gremista para conquistar a confiança dos eleitores é clara: “olhem meu currículo e vejam que eu sou capaz de tirar o Grêmio dos 11 anos sem título”. Essa mensagem casa bem com a atual necessidade do torcedor gremista. Além disso, o candidato virá com a ideia de novo modelo de gestão e provavelmente a garantia de apoio de investidores em sua administração.

Resgate do Grêmio na Série B, quitação do Condomínio de Credores e Porjeto Arena podem ser as bandeiras de Odone contra Koff – Foto: Lucas Uebel / Divulgação Grêmio

Apesar de não ter oficializado o apoio do Movimento Grêmio Independente na primeira etapa desse processo eleitoral, resta a certeza de que Koff não entraria nessa eleição sem ter ratificado a tendência de obter os 20% necessários para a disputa do dia 20 de outubro. Nesse ponto é que mora o grande problema de Odone. Embora tudo indique sua vitória no Conselho Deliberativo, pela maioria entre os conselheiros, a imagem do atual presidente gremista está desgastada perante a torcida, após chegar na reta final de sua gestão ainda sem um grande título.

Na busca pela reeleição, Odone lembrará do resgate do Grêmio na Série B, da quitação do Condomínio de Credores e de ser um dos maiores apoiadores do Projeto Arena. Contudo, o fato de não conseguir tirar o clube dos 11 anos sem título, somadas as eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores na história recente, podem pesar na hora do voto. Para um torcedor que anseia por novas conquistas, o discurso de Koff terá grande vantagem para obter mais sufrágios no quadro social.

Koff tem maior poderio que Odone perante os sócios

Paulo Odone e Fábio Koff são esperados para a eleição mais forte nas últimas décadas, justamente no último ano do Olímpico e a que abrirá a primeira gestão na Arena – Foto: Gazeta Press

A menos de um mês na primeira eleição presidencial, a ser realizada no Conselho Deliberativo no dia 25 de setembro, as peças no tabuleiro indicam o confronto mais agitado das últimas décadas no Olímpico. Cada vez mais crescem os rumores de que o ex-presidente Fábio Koff concorrerá ao posto de chefe máximo do clube, hoje pertencente a Paulo Odone, cogitado para reeleição. Nessa primeira etapa, na votação dos conselheiros, a previsão é de disputa equilibrada. No entanto, a vantagem do mandatário mais vitorioso do Grêmio ocorrerá no pátio, quando a decisão passará para as mãos dos sócios, em 20 de outubro.

O fator decisivo para Koff superar a Cláusula de Barreira, ou seja, 20% dos votos dos conselheiros, é o possível apoio do Movimento Grêmio Independente, que possui 56 parlamentares na totalidade de 315. Somado a isso, o ex-presidente gremista espera contar com apoios dos grupos Grêmio Vencedor, Grêmio Unido, Núcleo de Mulheres Gremistas, Grêmio Sempre, Grêmio Imortal, Sócios Livres e Grêmio do Prata, tendo assim aproximadamente 50 sufrágios a mais. Logo, a passagem no Conselho Deliberativo estaria viabilizada.

Aliados na eleição presidencial em 2010, Odone e Vicente Martins encerram a parceria com claras divergências, podendo ter reflexo no próximo pleito em 2012 – Foto: Arivaldo Chaves / Agência RBS

O Grêmio Independente foi, junto com Movimento Grêmio Novo, o principal aliado para a vitória de Odone no pleito de 2010, decidido no Conselho Deliberativo, diante do concorrente Airton Ruschel. No entanto, as divergências entre os dois grupos ocorria antes mesmo da posse do atual presidente. Um dos líderes do Grêmio Independente, Antônio Vicente Martins, queria assumir o Departamento de Futebol com dois assessores, posteriormente confirmados com José Simões (atual presidente da sigla) e César Cidade Dias. A ideia vinha contra os planos do Grêmio Novo, cujo objetivo era profissionalizar o setor.

Com as eliminações na Copa Libertadores, Campeonato Gaúcho e ainda mais uma campanha endossada com a zona de rebaixamento no Brasileirão de 2011, a pressão sobre os dirigentes do Movimento Grêmio Independente aumentou. Antes disso, o fantasma da negociação fracassada pela contratação de Ronaldinho e a saída do atacante Jonas auferiam questionamentos. Para azedar mais a relação, o presidente da Grêmio Empreendimentos, Eduardo Antonini, do Grêmio Novo, deu declarações públicas indagando as ações do comando do futebol, então despertando a ira do outro lado e inviabilizando de vez, em curto prazo, uma nova aliança entre as legendas. Posteriormente, Vicente Martins, junto com Simões e Cidade Dias, deixou o Departamento de Futebol, dando espaço para o diretor-executivo Paulo Pelaipe assumir até hoje.

Campeão do Mundo e duas vezes Campeão da América, o currículo de Fábio Koff será a maior plataforma política para o embate contra Paulo Odone – Foto: Divulgação

Apesar disso, Odone deve manter a maioria na Casa Deliberativa, por meio dos grupos Grêmio Novo, Grêmio Sem Fronteiras, Grêmio Democrático, Grêmio Menino Deus, totalizando provavelmente 118 votos. O problema do atual mandatário, porém, será vencer Koff no pátio. O currículo de seu concorrente diz tudo: Mundial Interclubes, duas Libertadores, Brasileirão, Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana, entre outras conquistas. A comunicação do ex-chefe do Conselho Administrativo gremista para angariar votos é clara: “olhem meu currículo e vejam que eu sou capaz de tirar o Grêmio dos 11 anos sem título”. Essa mensagem casa bem com a atual necessidade do torcedor gremista.

Por sua vez, Odone vem de um discurso desgastado, lembrando do feito de ser o presidente da Batalha dos Aflitos, partida heroica que tirou o Grêmio da Série B, além de um dos maiores defensores do Projeto Arena. Outro mérito do atual presidente é a quitação do Condomínio de Credores. Contudo, o torcedor em período eleitoral não procura explicações complexas, salvo raras exceções. Em mais de uma década sem uma conquista relevante, o discurso de Koff é imbatível. Trata-se de apenas o maior dirigente da história do futebol gaúcho. Por essa razão, o apoio do Movimento Grêmio Independente é fundamental para superar o Conselho Deliberativo. Uma vez feito isso, dificilmente o resultado da eleição será diferente do esperado.