Foto: Lucas Uebel/Grêmio FPBA
O Grenal 411 foi pegado, polêmico e marcado por confusão, mas tecnicamente ruim, justificando as posições despretensiosas de Grêmio e Internacional no Campeonato Brasileiro de 2016. Enquanto os comandados de Renato Portaluppi ficam apenas com a oitava colocação, o time de Celso Roth se contenta a respirar aliviado por se afastar ainda mais da zona de rebaixamento, na qual se observa Vitória, Figueirense e Sport fazerem mais força para jogar a Série B em 2017.
Impressionante como o Grêmio construiu o seu planejamento na temporada para no fim ser tão dependente de Douglas, poupado por Renato, visando o duelo contra o Cruzeiro pela partida de ida das semifinais da Copa do Brasil nesta quarta-feira (26), no Mineirão. Certo, o time perdeu Giuliano ao futebol russo, o equatoriano Miller Bolaños ainda não encantou. No entanto, um time jamais pode ser tão dependente de uma peça no setor de criação. Sem o camisa 10, o time de Renato pouco criava no setor ofensivo.
Problema existente nos dois lados, uma vez que para nossa sorte, o Internacional sequer tem hoje uma peça como Douglas no elenco. O time colorado depende exclusivamente de lapsos de bom futebol de Valdivia e de Vitinho. O que não é confortante, pois enquanto a dupla Grenal se contentar com a mediocridade do outro, o futebol gaúcho seguirá fardado a um papel secundário nos gramados brasileiros. Até por isso que o Estado está há 15 anos sem um título nacional.
Foto: Lucas Uebel/Grêmio FPBA
Pelo Grêmio, somente melhoramos quando Rodrigo Dourado foi expulso (abordarei isso logo abaixo) e assim Roth se viu obrigado a tirar Valdívia de campo. Dessa forma, Maicon passou a ter maior liberdade em atuar no setor ofensivo, organizando as jogadas e resultando em blitz gremista na área do goleiro Danilo Fernandes na etapa final, até ser substituído por Guilherme. O Tricolor teve esboços de pressão, mas na verdade, o 0x0 na Arena era o placar mais justo.
De futebol, não há muito o que escrever, apenas lamentar as atuações apagadas de Bolaños e Pedro Rocha. Luan até se esforçou, mas está aquém do que pode. Positivamente, fico satisfeito com Walace, Pedro Geronal e Kannemann. É provável, seja uma esperança movida à lógica ou por uma fé, que a atuação do time melhorará diante do Cruzeiro em Belo Horizonte, porém, preocupa-me a displicência do Grêmio na criação de jogadas, erros de passes e falhas na finalização, algo que vimos contra o Palmeiras no Allianz Parque, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil.
Se não há o que comentar sobre futebol, o Grenal 411 tem muito a se abordar sobre confusão e arbitragem. A participação do árbitro alagoano Francisco Carlos Nascimento é digno de repúdio dos dois lados. Ele travou demais o jogo, pouco aplicou cartões quando deveria no primeiro tempo e decidiu mostrar serviço na etapa final. Na confusão, ninguém entendeu a decisão de expulsar Rodrigo Dourado e isentar Vitinho de um cartão vermelho, no chute em Kannemann no chão, lance que originou todo embate.
Foto: Lucas Uebel/Grêmio FPBA
Não tenho nada a comemorar sobre o lance em que Edílson esmurrou Dourado, ao contrário, ele teve a expulsão merecida e foi irresponsável, como pessoa, como cidadão e como funcionário do Grêmio, uma vez que não apenas ficará ausente na próxima partida contra o Figueirense, em Florianópolis, mas pode ser suspenso por até 12 jogos pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) pela agressão. Aliás, louvar esse gesto do lateral-direito é uma grande estupidez.
Assim como há hipocrisia pelo lado colorado também, pois quando William agrediu Bolaños, no Grenal 409, ainda pelo Campeonato Gaúcho, muitos torcedores pelas bandas do Beira-Rio exaltaram o feito. Inclusive, o Internacional usou o jogador como peça publicitária dias depois, dando indiretamente apoio institucional ao gesto do atleta. E por favor, não me venham falar que aquilo foi lance de jogo, pois não foi, e sim se caracterizou em uma agressão absurda que obrigou o equatoriano a fazer cirurgia.
A única nota boa do clássico 411 é com toda certeza o público na Arena, com 53.287 pessoas no estádio. Mesmo com o empate sem gols, o Grêmio segue a um ponto do G-6, em oitavo com 48 pontos, enquanto o Corinthians fecha a zona de classificação para Libertadores com 49. Já o Internacional segue com 37, começa a se afastar da zona de rebaixamento e deve confirmar essa tendência diante do praticamente rebaixado Santa Cruz no Beira-Rio, pela próxima rodada.